A Organização Mundial de Saúde considera a
sexualidade como um aspecto fundamental na qualidade de vida de qualquer ser
humano, estando presente no que somos, no que sentimos e no que fazemos. Sim, que a sexualidade é integrante
de nossa personalidade como seres humanos, já sabemos! Também que se constrói
ao longo de nossas vidas, a partir das histórias pessoais e do ambiente no qual
vivemos, e em contato com a cultura e políticas que nos rodeiam... Ok! Mas, que
relação pode existir entre sexualidade e qualidade de vida?
Uma
relação forte, muito mais forte do que podemos imaginar...
O desenvolvimento total da sexualidade é essencial, pois um
problema sexual pode causar um impacto profundo nas várias esferas da vida de
uma pessoa. Isto porque a saúde sexual é uma experiência
processual que comporta bem-estar físico, psíquico e sociocultural. Além é
claro, de todos os benefícios que uma vivência sexual saudável pode nos
proporcionar (aqui).
Sabemos que a saúde é um direito humano fundamental. Então também a
saúde sexual é um direito humano básico e universal baseado na liberdade
inerente, dignidade e igualdade para todos, segundo a própria OMS. Portanto,
para assegurar o direito do homem a partilhar uma sociedade com um
desenvolvimento saudável ao nível das questões sexuais, em 1999, a Associação
Mundial de Sexualidade em conjunto com a OMS, emitiu a Declaração dos Direitos
Sexuais. Isto mesmo, nós temos direitos sexuais! São eles:
1. O direito à liberdade de expressão sexual –
Possibilidade de expressar o potencial sexual, excluindo toda forma de coerção
sexual, exploração e abuso em qualquer época ou situação de vida.
2.
O
direito à autonomia sexual, à integridade sexual e à segurança física –
Autonomia sobre a própria vida sexual em um contexto ético pessoal e social.
Também inclui controle e prazer do corpo, livre de tortura, multilação e
violência de qualquer espécie.
3.
Direito
à privacidade sexual – Tomar decisões e comportamentos
individuais sobre intimidade, de forma a não interferir nos direitos sexuais de
outros.
4.
O
direito à igualdade sexual – Liberdade de todas as formas de
discriminação, independentemente de sexo, gênero, orientação sexual, idade,
raça, classe social, religião ou deficiência física e emocional.
5.
O
direito ao prazer sexual – Fonte de bem-estar físico, psicologico,
intelectual e espiritual.
6.
O
direito à expressão sexual emocional – Expressar a sexualidade
através da comunicação, toques,expressões de carinho e amor.
7.
O
direito à união sexual – Possibilidade de casasar ou não, ao
divórcio e ao estabelecimento de outras formas de união responsável.
8.
O
direito à tomada de decisões relativas à reprodução e à contracepção –
Decidir por ter ou não filhos, número e espaçamento entre filhos e o direito de
pleno acesso aos meios de regulação da fertilidade.
9.
O
direito à informação científica – A informação sexual deve ser produzida por
processos de investigação científicos e éticos propagados de forma apropriada a
todas as classes sociais.
10. O direito à educação sexual –
Processo que ocorre ao longo da vida, desde o nascimento e que deve envolver
todas as instituições sociais.
11. O direito à saúde sexual – Os
cuidados com a saúde sexual devem fazer parte de tratamentos de prevenção,
preocupações, problemas e desordens sexuais.
A Declaração traz ainda que quando se refere
às pessoas com incapacidades, assegura uma postura de igualdade de direitos e
determina que, dado que esses indivíduos possuem necessidades especiais e podem
estar em situação de vulnerabilidade biopsicosocial, a sua educação sexual deve
ser prioritária.
Para assegurar a Declaração dos Direitos
Sexuais, anos depois, durante o I Congresso Internacional de Sexualidade e
Educação Sexual (realizado na Universidade de Aveiro - Portugal), em 2010, expressa-se na Carta de Aveiro:
“A necessidade
de um esforço conjunto dos poderes públicos, nacionais e internacionais,
organizações não governamentais e agentes da sociedade civil, no desenho de
linhas de ação que encoragem o trabalho colaborativo entre as várias áreas de saber,
para a promoção da saúde sexual, no respeito pela igualdade de gênero,
multiculturalidade e diversidade sexual”.
Bem, se
os direitos sexuais são mesmo direitos humanos e universais por quê ainda há
privação e negação da sexualidade? E é neste momento que uma indagação nos assombra...
Todos, sem exceções, tem vivido, realmente, estes direitos?
Este texto contou com a contribuição do advogado criminal e ativista pela causa humanitária, Dr. Dalio Zippin Filho.
Meus sinceros agradecimentos a ele.
Meus sinceros agradecimentos a ele.
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