A testosterona é um hormônio
encontrado em nosso organismo desde a diferenciação sexual, na fase
embrionária. Nos homens é produzida pelas Celulas de Leydig nos testículos e em menor proporção pelas
supra-renais, além de ser encontrada em maiores níveis comparando as mulheres,
o que a classifica como androgênio. Produzida na maior parte nos testículos, a
T é responsável pelo desenvolvimento dos órgãos sexuais e das características
sexuais secundárias no homem. Além de influenciar no comportamento sexual e
social, em homens adultos a T tem importância a nível mental, na voz, libido,
disposição da gordura visceral, aspectos dos genitais externos, massa muscular
e óssea, conferindo-lhe grande importância para uma vida saudável.
Engana-se quem acha que a T é um
hormônio exclusivo dos homens, pois nós mulheres também a carregamos. Claro,
com menor produção. Na mulher adulta se encontram quantidades de 20 a 30 vezes
menores que em homens. É produzida nos ovários e em menores níveis nas
supra-renais, também. Na mulher atua na memória, motivação, no desejo sexual,
pele, na massa muscular e óssea. Enfim, além de seu papel crucial na
diferenciação dos sexos, quando em níveis normais, a T é importante para o
funcionamento saudável do organismo. E não é isso que vamos discutir hoje,
porque vou colocar a T em um papel bem polêmico.
Um estudo publicado recentemente
afirma que homens mais velhos com baixos níveis de T poderiam perder peso
tomando suplementos do androgênio. O estudo foi feito ao longo de 5 anos com um
grupo de 115 homens, inicialmente com 61 anos e produção insuficiente de T (lembro
que acima dos 50 anos, geralmente, os homens apresentam naturalmente um queda
anual na T em seu organismo, fenômeno descrito como ADAM – Deficiência
Androgênica do Envelhecimento Masculino). Estes homens receberam injeções de T
durante esses 5 anos e apresentaram uma perda média de 16kg. Em média a
circunferência abdominal (medida importante para se determinar a Síndrome
Plurimetabólica) caiu de 107 para 98 cm. Para os autores as melhorias foram
progressivas ao longo dos 5 anos de realização do estudo. Ainda para estes, aumentar
a T para níveis normais além de reduzir o peso corporal, diminuíram a
circunferência abdominal e a pressão sanguínea, melhorando também os perfis
metabólicos. Em comunicado, destacaram que os níveis da T aumentados melhoram a
energia e a motivação para fazer exercícios físicos e movimentos em geral,
contando ainda que a T aumenta a massa corporal magra, o que dá mais energia
aos pacientes. A perda de peso acontecerá apenas durante o tratamento. Acredito
que isso poderá desencadear um certo T-vício...
Óbvio que o estudo é valido! Só
que algumas dúvidas me consomem... Por que sempre depender de algo que precisa
estar relacionado à indústria farmacêutica? Por que não buscar uma vida
saudável com a ajuda de profissionais qualificados para tal? Talvez porque o
melhor caminho sempre é o mais fácil, não é?! É comprovado que alimentação
saudável e a prática de exercícios físicos (incluindo sexo!) fazem bem ao
funcionamento e bem-estar do organismo. Sem contar que a T injetável é uma
droga, que traz sérios efeitos para a saúde, alguns pesquisadores a tem
vinculado ao câncer de próstata e doenças cardíacas. Vale mesmo a pena
emagrecer e correr riscos?
Penso também nos tratamentos já
existentes por aí, em que há ‘reposição’ de T em mulheres, onde os principais
motivos são apenas estéticos e os efeitos benéficos são bem menos intensos que
os colaterais. Será que a busca pelo corpo perfeito fala tão mais alto a esse
ponto? Só de pensar na hipertrofia clitoriana já me dá medo! Pessoas, cadê o
amor próprio? Não seria muito mais fácil mudar o estilo de vida do que ir
contra a natureza?
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