Hoje
vamos dar uma pincelada em um assunto um pouco, ou se preferirem, muito
polêmico, o que não poderia ser diferente em se tratando de sexualidade humana.
Mas, ao mesmo tempo esse assunto é muito interessante e vale a pena saber um
pouco mais.
A
vivência da sexualidade durante a gravidez está em grande parte ligado a
crenças e mitos que se fundamentam em critérios morais e religiosos conservados
pelas famílias e transmitidos de geração em geração. Desta forma o
comportamento sexual da grávida e de seu parceiro pode ser mais influenciado
por pressões psíquicas e socioculturais do que pelas alterações biológicas
próprias da gravidez.
Para
o casal a gravidez é um período de adaptações. São adaptações físicas,
emocionais, existenciais, sexuais e, principalmente, aos novos papeis, de ser
mãe e de ser pai e tudo que isso implicará. A necessidade de adaptação não
afeta só a mulher, mas também o homem. É uma fase de desenvolvimento e mudanças.
Com todas estas transformações na vida do casal é natural que aconteça um
estado de desequilíbrio temporário devido às grandes perspectivas de mudanças,
a necessidade de novas adaptações e de reajustamento psicológico e inter-relacional.
E tanto a
gravidez quanto o pós-parto são períodos cheios de mudanças biológicas,
psicológicas e inter-relacionais que marcam – direta e indiretamente – a
sexualidade. Tal momento poderá originar um aprofundamento da experiência
sexual do casal, capaz de aumentar a cumplicidade ou gerar dificuldades.
Muitas vezes quando o obstetra afirma que o casal deve
abster-se de sexo por ser uma gravidez de risco, ninguém contesta, sequer
procura saber o que é ou não permitido. E o que fazer quando a sexualidade
aflora? Uma vez que ela não irá deixar de se manifestar por conta de uma
restrição médica. Então, este pode ser o momento de grandes descobertas
amorosas. O casal pode não ter relações sexuais com penetração e a necessidade
de intimidade e união manifestar-se e assumir diferentes expressões.
Se o casal
encontra-se num relacionamento estável, maduro e sólido, a vinda de um filho
poderá uni-los de modo mais pleno ou mesmo se a intimidade entre os parceiros
propicia um diálogo aberto e honesto, há possibilidade de se descobrir outros
jeitos de fazer amor, sem que haja penetração. É verdade que cada casal irá
expressar de sua forma a sexualidade. A criatividade sexual pode entrar em
cena, através de jogos eróticos, novas posições e novas fontes de prazer, que
transformarão tudo numa grande aventura, plena de lances inusitados e
estimulantes, onde cada um poderá expressar suas preferências e fantasias mais
íntimas. Contudo, viver a sexualidade satisfatoriamente neste período não é uma
regra, tampouco uma condição, mas é fato que faz bem, apesar de não continuar
igual ao que era antes da gravidez. A mulher
experimenta uma série de alterações físicas que irão influir fortemente na vida
sexual do casal. Enfim, tudo é permitido desde que haja harmonia entre o
casal, que deve buscar o bem-estar mútuo e um maior equilíbrio emocional,
diminuindo as ansiedades e angústias próprias desse período.
As experiências
amorosas e sensuais marcarão o início de uma vida sexual mais prazerosa e
satisfatória e, certamente, aprofundarão o relacionamento conjugal de maneira
mais duradoura. Isto tudo independentemente de abstinência por gravidez de
risco ou não. Viver a sexualidade durante a gravidez de uma maneira saudável e
prazerosa também propicia a continuidade da harmonia conjugal, diminuindo o
ciúme do casal, tanto do homem em relação ao bebê, que é percebido como um
rival pela íntima relação mãe-bebê, da qual muitas vezes se sente excluído,
quanto da gestante, com referência às possibilidades do parceiro sair em busca
de aventuras extra-conjugais.
Ao contrário
do que muitas pessoas pensam, o orgasmo é altamente benéfico em qualquer época
da gestação. Ele tem a função de servir como uma válvula de escape para as
ansiedades próprias desse período. Há, também, um fator biológico importantíssimo
a ser considerado: exercita os músculos do períneo que serão importantíssimos
durante o parto.
Quanto ao bebê, ele está lá muito bem protegido por várias camadas de músculo, pela bolsa d'água, que funciona como um amortecedor e, o colo do útero se encontra fechado, bloqueando a entrada uterina. Além disso, o sexo é capaz de fortalecer os músculos do períneo que ajudam na hora do parto, além de deixar a mãe feliz e relaxada. E como o bebê sente tudo o que a mãe sente, sexo é bom durante toda a gravidez.
Não existe um consenso entre os obstetras com relação a hora de parar as relações (com penetração) antes do parto. Enquanto alguns recomendam abstinência todo o último mês da gravidez, outros acreditam que seja necessário só na última semana. Contudo, independentemente de mudanças, adaptações, descobertas e diferenças, cada casal irá expressar e viver de sua forma a sexualidade.
* imagem retirada da internet
Nenhum comentário:
Postar um comentário