quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

A falta de desejo sexual após o casamento



Muitos casais vivem a sexualidade de forma intensa, constante e muito prazerosa até o belo dia em que alguém lhes diga: ‘... Até que a morte os separe!’ Este é o belo dia, em que, o relacionamento assume um compromisso e uma responsabilidade ainda maiores.
De repente, a intensidade, constância e, o mais importante, AQUELE DESEJO já não fazem parte do dia-a-dia do casal. Alguns recém-casados ainda conseguem manter a ‘chama acessa’ durante algum tempo, leia-se bem alguns.
E aí vem a pergunta: Será que a rotina detona a sexualidade do casal?
A rotina e o estresse do dia-a-dia são os campeões das ‘desculpas’ ou ‘achismos’ dos pacientes que ao chegar aos consultórios reclamam da falta de desejo. Mas, a verdade é que apesar de existirem vários fatores, até mesmo a rotina e o estresse, contribuindo para a diminuição do desejo, muitos casais não conseguem diferenciar desejo e afeto ao olhar a pessoa que amam. Ou melhor, diferenciam tão bem que acreditam que em um relacionamento amoroso os dois sentimentos não possam conviver harmonicamente. Isto vem de crenças religiosas de que o sexo é somente para a reprodução, mitos, educação sexual errônea... Que levam as pessoas a pensarem, e viverem o sexo como algo sujo, como uma sacanagem, como pecado e então, não conseguem vivenciá-lo com a pessoa que, realmente, amam.
É preciso não desejar ter a pessoa amada, apenas, para ter pelo resto da vida ao seu lado, em bons ou maus momentos, para uma boa conversa, ou para ser a mãe/pai dos seus filhos, ou ainda, estar do outro lado da cama todos os dias na hora de dormir... É preciso desejá-la com intensidade, intimamente, carnalmente... A verdade é que o desejo caminha junto com o afeto num relacionamento amoroso, quando se ama também se deseja.
É tão difícil no corre-corre do dia-a-dia ligar para a pessoa amada sem que precise dar um recado, apenas para dizer que a ama? É tão difícil sonhar com um momento prazeroso mesmo estando acordado? E as fantasias eróticas estão fora da sua realidade?






2 comentários:

  1. A falta de desejo sexual dentro de um casamento ou de uma relação de longo prazo pode ter muitas explicações. Já o sofrimento que isto causa, creio, está mais relacionado as nossas interpretações acerca da sexualidade e da afetividade do que a falta de desejo, propriamente.


    Pode-se ter uma relação repleta de afetividade, romance e atenção, sem o desejo de sexo. Pode-se ter uma relação repleta de sexo, sem romance, sem afetividade. Pode-se ter os dois num momento da relação e em outro não ter nada. Pode-se acudir a isto com fantasias eróticas que funcionam ou não para reacender a chama do desejo sexual.

    Sexo e afetividade, nem sempre caminham juntos! Sexo não se resume as trocas genitais, ele percorre todo o corpo e se manisfesta de formas diversas.

    As relações estão em constante transformação - como a nossa vida que se reinventa a cada dia - e há estratégias para lidar com estas mudanças que não se resumem a vida do casal. Ter parceiros fora do casamento ou estar casado com mais de uma pessoa, sem que isto signifique traição, desonestidade e risco é tão possível que já há movimentos organizados em prol desta proposta, como o Poliamor. Aderir a ela é passível de realização quando compreendemos que há mais de uma forma de amar, que há mais de uma forma de namorar, que há N formas de viver a sexualidade e que entre elas não há hierarquias.

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  2. Olá Mônica, concordo com vc que existem N formas de viver a sexualidade, e também o amor, sem haver hierarquias. Contudo, este texto é baseado numa experiência profissional, com casais que se propõe e desejam viver com o parceiro/a para o resto da vida. E quando não conseguem fazer, dentro do casamento, a junção do desejo sexual e da afetividade, se sentem culpados por muitas vezes acabarem recorrendo a traição. E se isto acaba provocando sofrimento, é porque precisa ser trabalhado.
    Na maioria das vezes, estes casais viveram plenamente a sexualidade, até o compromisso do casamento. E aí entram nossas interpretações acerca da sexualidade e da afetividade, principalmente quando aprendemos que sexo é sacanagem e ter afeto é para fracos. Isso causa muito sofrimento quando nos propomos a vivê-los plenamente. Viver o desejo sexual dentro de um casamento, é saber unir e desunir sexo e afeto nas medidas certas e nos momentos certos(por isso, eles caminham juntos)... E quando há falta de desejo, há também um grande sofrimento para o casal...

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