segunda-feira, 6 de junho de 2011

A Riqueza de um Casamento Romântico

No site do Dr. Flávio Gikovate (www.flaviogikovate.com.br), um renomado Psiquiatra e Escritor, encontrei este artigo que fala sobre a riqueza de um casamento romântico. Com um interessante ponto de vista sobre o amor e como ele pode ser duradouro, e a diferença entre um relacionamento construído somente a partir do desejo  sexual, e como a semelhanças na personalidade e nos projetos futuros contribuem para um relacionamento romântico e feliz. Vale a pena ler e refletir!



"Do ponto de vista teórico, os casamentos com altos e duradouros lances de romantismo deveriam ser muito mais freqüentes que aqueles baseados em uma sexualidade rica e exuberante. Mas, na prática, isso não ocorre. Não quero dizer que sejam tão comuns as uniões sexualmente satisfatórias, mas que são raríssimos os casais que conseguem viver, ao longo de várias décadas, uma experiência sentimental bonita, daquelas de encher o coração de alegria e os olhos de lágrimas, de tanta emoção.

As coisas costumam ser mal colocadas desde o começo. A grande maioria dos casamentos ocorre entre uma pessoa apaixonada e outra que prefere ser objeto da paixão. Enquanto a primeira – mais generosa – oferece, a segunda – mais egoísta – recebe. A mais generosa tem coragem de amar. A egoísta tem medo de sofrer e se protege da dor do amor ao não se abrir demais para a relação. As uniões desse tipo apresentam momentos bonitos, é claro. Possibilitam até mesmo uma vida sexual de permanente conquista. Sim, porque o egoísta nunca se entrega totalmente ao outro, de modo que o generoso estará sempre tentando conquistá-lo. Esse fenômeno costuma gerar alguns instantes de profundo encontro, mas são momentos vãos, que logo se desfazem. E o corre-corre das brigas e da luta pela conquista volta.

No entanto, esse é apenas um dos aspectos da questão. Outro fator de peso está nas diferenças de temperamento (generosos e egoístas são bastante diferentes), de gosto e interesses. Na vida prática, no dia-a-dia, as divergências de opinião e a falta de um projeto comum provocam irritação permanente. E isso não vale só para as grandes diferenças. O cotidiano se faz realmente nas pequenas coisas: Onde vamos jantar? Que amigos vamos convidar? Onde vamos passar as férias? A que filme vamos assistir? Como agiremos com as crianças? O que faremos com os parentes? E assim por diante. São justamente estas pequenas contradições que provocam a irritação, a raiva e, portanto, a maioria das brigas. As afinidades aproximam as pessoas, enquanto as diferenças as afastam. Além do mais, a oposição é a raiz da inveja: o baixo inveja o alto; o gordo, o magro; o preguiçoso, o determinado; o introvertido, o sociável. E a inveja é inimiga do diálogo. Nesse tipo de união, as brigas serão o normal no relacionamento, e os momentos de encontro e harmonia serão exceções cada vez mais raras.

Eu disse que, do ponto de vista teórico, a felicidade romântica no casamento poderia ser bastante comum porque o amor não padece do desejo de novidade que tanto agrada ao sexo. Ao contrário, o amor é apego, é vontade de aconchego, de tranqüila intimidade. Trata-se de um sentimento que floresce e frutifica melhor quando tudo é exatamente igual e antigo. Gostamos da nossa casa, daquela velha roupa que nos agasalha tão bem. Gostamos de voltar aos mesmos lugares do passado, da nossa cidade, do nosso país. Queremos também sentir essa solidez e estabilidade com o nosso parceiro amoroso. Amor é paz e descanso e deriva justamente do fato de uma pessoa conhecer e entender bem a outra. Por isso, é importante que as afinidades, as semelhanças, predominem sobre as diferenças de temperamento, caráter e projetos de vida. Seres humanos parecidos poderão viver uma história de amor rica e de duração ilimitada. Não terão motivos para divergências. Não sentirão inveja.

Um último alerta – além da lição que se pode tirar da experiência, acima descrita, dos raros casais que vivem harmoniosamente – é que cada um deve procurar se unir a seu igual. Só assim o amor não será um momento fugaz. Para que a intimidade não se transforme em tédio e continue a ser rica e estimulante, é necessário que o casal faça planos em comum e que depois se empenhe em executá-los. De nada adianta fugir para uma ilha deserta para curtir a paixão maior. Quem fizer isso provavelmente voltará, depois de dois meses, decepcionado com a vida e com o amor. A vida é um veículo de duas rodas: só se equilibra em movimento. Para que duas pessoas se tornem uma unidade é preciso criar um objetivo: ter filhos, construir uma casa, um patrimônio, uma carreira profissional, um ideal… o conteúdo em si não interessa. Seja qual for, é a cumplicidade que o transforma em algo fundamental. Fazer planos é sempre uma aventura excitante. É sobre eles que mais adoramos sonhar juntos."

Do texto: A Riqueza de um Casamento Romântico, Flávio Gikovate - Março/2000





Um comentário:

  1. Sendo o casamento construído com uma base sólida, a sexualidade irá fluir naturalmente, pois se tiver amor, respeito, cumplicidade, ... haverá desejo, atração! Um completa o outro, o amor soma a sexualidade e vice-e-versa. Não existem seres humanos iguais, portanto, em todos os relacionamentos haverá diferenças de opiniões, de vontades,... e esta aqui o ponto principal para o amadurecimento do casal e da cada um, baseado na troca pelo crescimento e busca pelo relacionamento duradoruro. Um cede em determinado momento, mas haverá outro momento em que a outra parte também terá de ceder...e assim por diante! E para que isso não prejudique nenhuma das partes, é preciso muita comunicação, que para mim é a chave de qualquer relacionamento estável e duradouro!

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